fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Criada em 2007 na capital gaúcha com a missão de assessorar projetos no Brasil a gerar e comercializar créditos de carbono, a Ecofinance Negócios viu sua demanda saltar nos últimos 18 meses. A consultoria em ESG e especializada em projetos de combate às mudanças climáticas vendeu mais de 7 milhões de créditos no período, volume superior ao montante comercializado nos últimos dez anos.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da empresa, Eduardo Baltar, conta que além da demanda pelos serviços, que incluem também o desenvolvimento de inventários de carbono e elaboração de estratégias de descarbonização, os preços da redução certificada de emissões subiram e as premissas ESG elevaram o ritmo de crescimento da agenda climática mundial junto a entrada em vigor do Acordo de Paris.
“Em 2023 teremos ações relacionadas a capacitação no mercado, pensando nos princípios ESG e na questão climática, além de investir em tecnologias que contribuam para a redução de carbono”, destaca o executivo.
Baltar vê dois caminhos plausíveis para o crescimento da companhia: continuar desenvolvendo projetos de créditos, não só no setor de energia mas também adentrando no agronegócio e no segmento de florestas. Já na vertical de inventário e gestão climática é previsto um avanço importante em auxiliar as empresas e governos subnacionais nas estratégias de redução das emissões.
A Ecofinance possui atualmente mais de 180 empreendimentos assessorados entre mais de 40 projetos registrados, com destaque para mais de 105 parques eólicos. No último período os créditos vieram de três projetos que envolvem nove empreendimentos de energia renovável, sendo cinco no Rio Grande do Sul, uma hidroelétrica localizada entre RS e Santa Catarina, além de três eólicas na Bahia.
Segundo relatório da Ecosystem Marketplace e da ONG Forest Trends, o montante de títulos oriundos dos ativos mencionados acima equivale a aproximadamente 19% do total de créditos de carbono vendidos na América Latina no mesmo ano. Outro dado pertinente é que grande parte da obtenção das certificações acontece para o exterior, quase 6 milhões do total comercializado.
Mercado precisa de metas setoriais de emissões
No Brasil, Eduardo Baltar enxerga algum avanço com o decreto promulgado em maio desse ano pelo governo, ainda que o ministério tenha demorado a acordar para essa “grande oportunidade”, perdendo tempo, mas pelo menos saudando uma rota positiva para evolução do mercado nesse segundo semestre de 2022, a partir dos planos de redução de carbono.
“O que precisa para o mercado avançar no Brasil é o estabelecimento de metas setoriais de emissões, chegando a um mercado regulado e mais maduro”, resume o CEO, citando também a necessidade de framework institucional, definição de mecanismos de registro e credenciamento de auditoria. Ele também entende o novo governo como mais sensível na questão ambiental e climática, o que deverá favorecer ainda mais o avanço no combate as mudanças climáticas e evolução do mercado de carbono.
No Brasil, a consultoria é ou foi responsável pelo inventário de carbono e projetos de créditos da Engie, tendo também outras grandes empresas parceiras como CPFL Energia, Statkraft, Chesf, Jirau Energia, 2W Energia, ADS, Baterias Moura, assim como de outros setores como Thyssenkrupp Elevadores, Ipiranga, Sicredi, Tramontina, Panvel, Suzano Papel e Celulose, BSBIOs, dentre outros.
Eduardo Baltar explica que as corporações que trabalham mais intensamente em serviços tendem a ter um nível de emissão associado majoritariamente a deslocamentos, reposição de aparelhos de ar-condicionado e ações de eficiência energética e energia solar.
“Em parques industriais fortes sempre avaliamos a possibilidade de substituição de combustíveis para menos intensivos em carbono, como os biocombustíveis ou mobilidade elétrica, assim como a eficiência de modais de transporte”, destaca, salientando também as ações de compensação, envolvendo tanto compra de créditos como ações de reflorestamento.
Questionado sobre a entrada de algumas empresas de energia no mercado de carbono, como a Auren Energia, o executivo entende ser um movimento próprio de companhias que possuem a expertise para tal, assim como outras que se sentem mais seguras sendo assessoradas por uma empresa especializada e que completa 15 anos de existência nesse mês.
“É saudável, tem mercado para todo mundo e nosso diferencial é que somos especializados em vender créditos de carbono, o que influi diferenças para venda de energia, com ativos de processos e impactos diferentes”, finaliza.